Aproximam-se as festas maiores da Ilha do Pico e, igualmente, das restantes ilhas do Arquipélago.
Não há, salvo alguma excepção, cidade, vila, freguesia ou até lugar que não celebre, anualmente, as Festas dedicadas à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade – o Divino Espírito Santo.
E testemunho dessas solenidades são as Capelas ou Copeiras, - em algumas ilhas são o Teatro - e, mais recentemente, os salões, destinados à celebração das Coroações. Por aqui, quase se extinguiu a tradição das Domingas, mas não a dos Impérios com a distribuição abundante do pão, das rosquilhas ou dos bolos de véspera, consoante o lugar em que se realizam. Todos os anos eles acontecem com o mesmo entusiasmo e dedicação de sempre. Um sempre que conta alguns séculos de existência.
Mesmo dos primeiros anos do povoamento das Ilhas. Uma devoção, chamemos-lhe assim, que vem do tempo em que por aqui se instalaram as primeiras Misericórdias, e que foi mantida quando surgiram as primeiras erupções vulcânicas. Disso dão hoje testemunho o Império do Sábado do Espírito Santo, na Silveira, e o Império de São Mateus, realizado no dia do Santo Padroeiro, na freguesia que mantém essa denominação.
O “Jornal do Pico” nos últimos anos vem publicando os nomes dos mordomos dos diversos impérios da Ilha. É uma ilha toda em festa. São os jantares a centenas de familiares e amigos e a distribuição das “relíquias do Senhor Espírito Santo” a todos os assistentes aos Impérios ou festejos externos. E todos as recebem com prazer, simpatia e respeito. Uma semana com abundância de pão em todas as casas da Ilha, pois se não há disponibilidade de comparecer no Império, há sempre um familiar ou amigo que pede o pão ou rosquilha para quem não compareceu. E não se recusa a dádiva.
Toda a gente celebra as Festas. Antigamente, era a época em que se estreavam as vestes novas para o Verão. As senhoras exibiam ricos e modernos vestidos e chapéus confeccionados por costureiras e chapeleiras, que bastantes havia; os homens envergavam os seus fatos de bom corte uns outros mais modestos, consoante as possibilidades financeiras. Mas todos queriam apresentar nas festas uma “vestimenta” nova. Era tradição, embora ela resultasse de uma adaptação de alguma vinda dos parentes e amigos imigrados nos Estados Unidos. Uma riqueza, vinda nos tradicionais e sempre bem recebidos “sacos da América”.
Quando ainda não existiam as Filarmónicas, e elas começaram a aparecer a meados do século dezanove, eram os foliões que entoavam loas apropriadas ao som dos tambores bem afinados. E anda hoje são foliões que acompanham os cortejos processionais, entoando cantares com letras algo deturpadas nos intervalos das marchas das Filarmónicas, que, normalmente, abrilhantam os cortejos e arraiais. Mas, um nota curiosa: em quase todos os arraiais, as filarmónicas só executam os seus reportórios depois da distribuição do pão, como genericamente se tratam as rosquilhas, as vésperas ou mesmo o pão distribuído.
E há sempre nestes dias, a parte religiosa que se celebra com o maior esplendor e respeito. A Coroa com a Pombinha e o Estandarte com as Língua de Fogo, representativas da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, vão, processionalmente, à paroquial, onde se celebra Missa solene em honra do Espírito Santo, com coroa e, no final, coroação do mordomo ou seu representante.
São, na realidade, as festas maiores destas ilhas, que as vão celebrar no sábado do Espírito Santo, na Silveira, em memória da crise vulcânica de 1718 e 1720, no Domingo do Espírito Santo ou de Pentecostes, na Segunda-Feira, o dia da Região, na Terça-Feira e no Domingo da Trindade. A Vila das Lajes celebra o seu Império no dia de São Pedro, o primeiro da Ilha, no dia 29.
Viva o Senhor Espírito Santo!, como aclama o povo picoense.
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